Internei segunda-feira dia 16/05 as 9:00 da manhã depois de colocar um aparelho pra induzir a dilatação,aí começou a dor!
Passei as primeiras 12 horas com contrações suportáveis, fazendo o monitoramento cardíaco da Lê a cada 4 horas, à noite as contrações começaram a ficar mais fortes e constantes e de madrugada vinham de 2 em 2 minutos, à essa altura do campeonato já estava pensando se queria mesmo o PN…rs
A parteira veio fazer o toque,ate me animei, 4 cm de dilatação! Terça pela manhã o médico retirou o aparelho e me colocou no soro de indução,ainda os mesmos 4 cm…Mais um dia de contrações e monitoramento, várias bolsas de soro e nada de dilatação. Ainda pela manhã ele estourou a bolsa e notou que a cabeça da nenem estava mais alta do que na manhã anterior, esperamos mais um dia, contrações, monitoramento, jejum, e nada de dilatar…
Dia 18/05 quarta-feira, meio dia ,exame de toque ,nem um milímetro a mais de dilatação, a cabeça da Lê já estava impossível de ser alcançada, o médico resolveu fazer cesárea de emergência, liguei pro Fabio e para minha mãe, em menos de um hora estavam eles lá, e eu na maca da sala de parto, anestesiada, sensação estranha, um baita frio na barriga, me senti um mulher inútil por não conseguir um PN nem com 52 horas de indução…
Entrei na sala de parto um pouco depois das 14:00, o médico deu a anestesia e me avisou que faria o possível para deixar o corte bonito, porém não seria tão pequeno quanto eu queria pois a Lê estava muito alta e com um corte pequeno não seria possível alcançar a cabeça, às 14:40 ouvi o melhor som do mundo, um choro forte e saudável, acompanhado de um comentário que me deixou confusa: – Ainda bem que fizemos cesárea…
Não entendi o comentário e naquela hora só queria ver minha filha, não dei muita bola para o comentário do médico e ele também não fez questão de falar mais nada. Mais tarde meu marido me contou que, segundo o médico, ela tinha 3 voltas de cordão no pescoço (nunca tinha ouvido falar em 3 voltas antes) e se tentasse o normal ela provavelmente não teria sobrevivido, e que talvez por causa dessa enrolação toda ela estava tão alta e não encaixava por nada. Na hora que meu marido me contou isso acreditei em Deus por um momento, ainda entro em desespero só de imaginar que poderia ter perdido minha filha pela minha teimosia em querer o normal, choro só de imaginar. Mas fui abençoada com uma meninona cheia de saúde e energia, apgar 9/9 ,música para os meus ouvidos, se a minha paixãozinha estava bem, nada mais importava.
A enfermeira trouxe a minha paixãozinha e colocou sobre o meu peito, o choro parou de imediato, pude apenas sentir o pézinho e a mãozinha dela e já levaram para o pai e a avó que estavam no corredor. Senti tonturas e alguns minutos depois do parto minha pressão estava 17/10, fui medicada e voltei para o quarto de recuperação onde fiquei em observação até a manhã seguinte. Por causa do soro de indução que tomei durante nos primeiros dias, senti contrações durante a madrugada, cada uma era um sofrimento indescritível, dava a impressão de que o corte ia se abrir a qualquer momento, tomei 3 injeções para dor durante a noite, na manhã seguinte (dia 19) as contrações passaram e pude ficar meio sentada e a enfermeira trouxe minha escova de dente e agua, nem preciso dizer que engasguei né?? Cada tossida era uma lágrima, pela primeira vez na vida (tirando a infância) chorei de dor. A enfermeira que veio trocar o soro comentou que o meu pacotinho chorava tão alto que acordava todos os bebês do berçário…kkkk. Bem feito, quem manda manter minha filha longe de mim?
Pedi pra ver minha filha, me enrolaram várias horas, primeiro disseram que poderia vê-la depois do café da manhã, depois prometeram que depois das 2 da tarde e continuaram me enrolando,durante esses dias o Fabio não pôde dormir na clínica e só podia entrar no horário de visita entre 14:00 e 20:00. Quando o Fabio chegou, pedi para ele ir buscá-la, precisava olhar para o rostinho dela pra saber que aquilo valia a pena.
Quando ele chegou com ela tive coragem de me levantar, meu Deus,que sensação era aquela? Não dá para descrever, só quem já sentiu é que sabe, um momento tão perfeito tão maravilhoso que ainda me pergunto se sou assim tão boa para merecer uma alegria assim, tão grande.
Fiquei lá, debruçada sobre o bercinho, olhando o rostinho, os detalhes e pensando em como a natureza é maravilhosa, nem acredito que um bebê tão perfeito saiu de dentro de mim.
Só pude ficar com ela por cerca de 2 horas, depois as enfermeiras vieram buscar para dar a mamadeira, fiquei super chateada por não permitirem que eu amamentasse a minha filhota, alegaram que um parto cesárea depois de 3 dias em trabalho de parto é muito estressante e que eu deveria ficar em repouso absoluto, enquanto isso minha bebê ficava tomando leite em pó e os meus seios vazando leite…Ninguém merece!
Dia 20 pela manhã a enfermeira disse que finalmente poderia tentar amamentar minha bebê pela primeira vez, era a melhor coisa que eu tinha ouvido nos últimos 5 dias! Daí vem o médico fazendo a ronda matinal, mede minha pressão, continuava 14/9, ele passou remédio mas só pro dia seguinte, não entendi porque, mas estava tão feliz em saber que finalmente poderia ver, tocar, carregar e amamentar minha pequena que nem contestei, logo após o almoço senti dor de cabeça e tontura, a enfermeira mediu a minha pressão e continuava alta, vem uma corna me dizer que era pra descansar que talvez pudesse ver minha filha no dia seguinte…Aí perdi a esportiva, querer cuidar de mim tudo bem, dizer que a minha saúde era importante, beleza, mas me proibir de ver a minha filha por mais um dia era inaceitáve! Dei um PQP e no mesmo dia fui transferida para o melhor quarto do hospital, sem custos adicionais e com a minha filha no colo. Se japonesa não faz questão de ter seus bebês por perto, lamento por elas, mas a minha pequena foi gerada com muito amor e eu trocaria qualquer momento de descanso para ficar perto dela.
Pouco me importava se eu estava andando em forma de L invertido,a dor não me incomodava tanto quanto ter que ficar longe dela, ter minha vidinha perto de mim me fazia superar qualquer dor, qualquer mal-estar…No mesmo dia minha pressão baixou, a dor de cabeça e as tonturas passaram, até a dor do corte melhorou, amamentar minha princesinha pela primeira vez foi simplesmente mágico (um mágico meio dolorido,mas mesmo assim, mágico)
Depois desse momento, não fiquei longe dela nem por um minuto, as enfermeiras queriam que eu levasse meu pacotinho pro berçário de noite, para poder dormir a noite toda e descansar, todas as mães presentes na maternidade faziam isso, mas qual o sentido de estar internada por tanto tempo e sair de lá despreparada?
Fiquei internada por mais 4 dias,com direito a aroma-terapi (não sei como se escreve em português e muito menos como se escreve em inglês correto, aqui escrevem assim no inglês ajaponesado) massagem linfática nas pernas, uma seção de estética facial, almoço no restaurante, junto com as outras mamães que estavam internadas no mesmo andar e um jantar com o maridão na ultima noite de internação, oferecido como jantar de felicitação, pelo dono da clínica, feito pelos chefes de lá, jantar estilo francês (passamos fome mas valeu) até me senti mais gente.
Dia 24 pela manhã o médico tirou os grampos da minha barriga e examinou meu pacotinho, disse que ela é muito esperta e bem forte, já segura o pescoçinho e tem o reflexo muito bom e pela força do choro esta esbanjando saúde. Subi pro quarto, toda pomposa, orgulhosa pelos elogios que o doutor fez ao meu pacotinho, resolvi tomar um banho, quando tirei o curativo e vi o corte pela primeira vez confesso que tive uns segundos de dó de mim mesma, mais 20 cm de corte,ainda meio torto e as marcas do grampos ainda estão bem fortes, me segurei para não chorar, respirei fundo e entrei no banho, procurei não pensar mais no assunto. Nessa mesmo noite consegui receber alta. (era pra ficar internada até dia 28, depois o médico mudou para dia 26 e finalmente depois de insistir um pouco consegui sair dia 24 de noite depois do jantar de felicitações).
Antes de sair, fui ver uma amiga que também fez cesária na segunda, dia 23, ela diz que sou malucar por ter tentado o PN por tantos dias, que devo ter sofrido pra caramba, que não devo ficar triste pelo corte que daqui à um ano vai estar praticamente invisível…No fim das contas, não me arrependo de nada…Se valeu a pena?! Cada contração, cada dor de cabeça, cada minuto anestesiada, cada fisgada que sinto ao me levantar, cada momento de sono perdido, cada estria, a dor nas costas, os seios rachados e empedrados, as casquinhas de ferida nos bicos, se fosse preciso, faria tudo de novo, sentiria tudo de novo, sentiria tudo em dobro para ter meu pacotinho lindo e saudável aqui no meu colo.
Não dá mesmo para explicar, a palavra amor não é suficiente para expressar o que sinto, orgulho é pouco, perfeição é pouco…É um sentimento tão único, que só quem já passou por isso pode entender.
Só sei dizer é que não sei se sou digna de tanta felicidade,não sei se realmente mereço um presente como esses.
Sou muito grata ao meu marido por me dar um presente assim tão lindo. Grata à mãe natureza por me premiar com o dom de ser mãe pois sei que, infelizmente não são todas as mulheres que foram abençoadas com esse dom. E grata à minha filha por me trazer tanta alegria para nossas vidas, por nos ensinar a ver cores em um mundo em preto e branco, por nos mostrar que existe beleza em gestos simples e momentos simples, pos transformar duas crianças em adultos, em pai e mãe.